Epidemiologia da fibromialgia
De acordo com vários estudos epidemiológicos realizados por reumatologistas nos
Estados Unidos da América e no Canadá, a fibromialgia é a terceira doença
reumatológica mais comum no adulto, sendo apenas ultrapassada pela artrite reumatóide
e pela osteoartrite (Domingues e Branco, 2008; Marques et al., 2017). A sua prevalência
varia entre 2% a 8% a mais do que na população em geral nos países industrializados.
Na Europa, a média da população afetada por fibromialgia ronda os 2,5% (Bannwarth et
al., 2009; Itoh e Kitakoji, 2010; Porter et al., 2010; Clauw, 2014; Marques et al., 2017;
Poole e Siegel, 2017).
A taxa de prevalência específica da fibromialgia é de 1,7% do total das doenças
reumáticas em Portugal.
Epidemiologia da fibromialgia e sua incidência nos vários grupos etários
A fibromialgia é uma doença que não discrimina grupos etários, étnicos ou
socioeconómicos e acomete maioritariamente o género feminino, sendo este 5 a 9 vezes
mais afetado que o masculino (Cardoso et al., 2005; Spaeth, 2009; Salaffi et al., 2016).
As manifestações da fibromialgia tendem a surgir já na vida adulta, iniciando-se entre
os 20 e os 50 anos, mas também podem afetar crianças e adolescentes, sendo então
designada por síndrome da fibromialgia juvenil (jFMS) (Cardoso et al., 2005).
A jFMS afeta cerca de 25% da população juvenil e, como sucede com os adultos, o
género feminino é o mais afetado. A sintomatologia é em tudo semelhante,
nomeadamente ao nível da dor, ansiedade, fadiga e rigidez. Esta condição acaba por
influenciar a fase da adolescência, impedindo por vezes a realização de determinadas
atividades próprias das crianças/jovens devido à dor (Offenbächer et al., 2016).
Tal como na fibromialgia do adulto, a etiologia da jFMS também é desconhecida,
embora tenha sido relatada a existência de uma associação entre o início dos sintomas e
a ocorrência de determinados eventos, como sejam lesões físicas, alterações emocionais,
alterações de medicação e infeções virais, nomeadamente as provocadas pelos vírus da
hepatite B e C, de EpsteinBarr e do parvovírus, sendo estas últimas duas as
comunicadas com maior frequência (Ribeiro e Proietti, 2005).
Relativamente aos critérios de diagnóstico necessários para que se estabeleça o
diagnóstico de jFMS, estes diferem dos critérios aplicados na fibromialgia do adulto,
nomeadamente porque os atuais parâmetros estabelecidos pelo ACR para diagnóstico
em adultos não foram objeto de validação para a idade pediátrica. Sendo assim, são
utilizados para análise e estabelecimento desta condição em idade juvenil os critérios
propostos por Yunus e Masi em 1985. Estes critérios dividem-se em critérios major e
minor (tabela 1). Para que seja estabelecido o diagnóstico de jFMS, todos os critérios
major têm de estar presentes concomitantemente com três critérios minor, ou então
deverá ocorrer a presença de três critérios major juntamente com cinco critérios minor e
quatro tender points (Yunus e Masi, 1985; Sanctis al., 2019).
Critérios major
- Dor musculoesquelética em três ou mais áreas do corpo pelo menos durante três meses
- Exames laboratoriais sem alterações
- Ausência de condições ou causas subjacentes
- Identificação de 5 ou mais tenderpoints
Criterios minor.
– Fadiga
– Ansiedade
– Alterações do sono
– Parestesias
– Cefaleias crónicas
– Modificações da dor pelo clima, ansiedade/stress ou exercício físico
– Alterações intestinais
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